Seguidores

sexta-feira, 26 de junho de 2009

A Rosa e a Borboleta

06/04/2009


Era uma vez uma lagarta, que subindo na árvore pra fazer seu casulo avistou um Rosa. Disse surpresa.
- Nossa! Como você é bonita!
- Obrigada! - disse a Rosa. – Você também é bonita, tem listras coloridas.
- Bonita... Sou só uma larva feia e rastejante. Dizem que vou virar uma borboleta, mas não sei se vou conseguir. Vocês são tão bonitas, perfumadas, seus botões se abrem e se transformam em lindas e singelas rosas. São sempre bonitas. Nós as lagartas, somos feias, ficamos mais feias ainda antes de viramos borboletas, e nem sabemos como vamos ser. Podemos sair escuras, coloridas, libélulas, mariposas ou bruxas. Vocês são sempre belas e alegram o ambiente.
- Ora, quem foi que disse que vocês não são belas e alegram o ambiente? Só precisam ter paciência. Antes de nos transformamos em botões, também somos pequenas sementinhas, e precisamos esperar o sol e a chuva pra nos alimentar e ai sim ser uma Rosa.
- É... Paciência... paciência... paciência... – resmungou a lagarta. E continuou seu trabalho cobrindo e revestindo seu casulo, mas sempre duvidando da sua capacidade de ser bela.
Alguns dias depois, numa linda manhã de sol a Rosa percebeu que alguma coisa estava acontecendo com o casulo. Ele se mexia e parecia que nossa amiga estava pronta pra sair.
O casulo começou a falar.
- Acho que está chegando minha hora! – disse a voz dentro do casulo - Será que não dava pra ficar mais um pouquinho? Estou com medo de sair.
- Não tenha medo, o dia aqui fora está belíssimo. – disse a Rosa.
- Mas se eu for feia, se não conseguir voar? – enquanto falava a borboleta tentava fechar a fenda que se abriu no casulo, mas sabia que lá dentro já estava ficando muito apertado.
Então a Rosa disse.
- Eu sei que o novo sempre nos provoca medo. Isso é normal. Porque você não abre os olhos e dá só uma olhadinha no céu que está especialmente azul hoje! É por ele que você irá voar!
- Como você sabe que estou de olhos fechados?
A rosa riu e disse.
- Pura intuição! Venha!
- E se eu não conseguir voar? E se minhas asas nasceram defeituosas?
- Acho isso pouco provável. A Natureza é sábia. Se seu casulo se rompeu é porque você está pronta.

Ouvindo isso, a borboleta colocou um pedacinho da asinha pra fora do casulo e sentiu o sol tocá-la levemente. Gostou da sensação. Movida por essa tranqüilidade resolver colocar a outra asa. Parou na borda do casulo já com todo seu corpo do lado de fora, deu uma olhada em volta e sentiu um calafrio percorrer suas asas.

- Borboleta, por Deus! – exclamou a Rosa – Como você é bonita! Tão colorida...

A borboleta deu uma olhada nas suas asas e se espantou com sua beleza. Encheu-se de coragem e como se já tivesse feito isso antes, soltou suas patinhas do casulo e sentiu seu corpo flutuar no ar.

- Ahhhhhh! Eu... estou... voaaando, estou voando! – disse ela.

Então, voou, voou, voou, até ficar cansada e resolveu pousar sobre a Rosa para descansar e conversar.

- Posso me acomodar aqui? – perguntou ela borboleta pousando sobre a rosa.
- Claro que sim. – disse a Rosa – Estava louca pra ver você de perto. Suas cores são vivas, seus desenhos tão delicados. Como você é bela!
- É, mais sou muito frágil. Você ao contrário é forte, protegida pelos seus espinhos. Todos tem muito cuidado pra chegar perto. Já eu não, qualquer um me pega, me espeta num alfinete e viro quadro. Ou ainda pior; viro “bicho da seda” e acabo fervida.

A Rosa riu muito da borboleta.
- Ora, ora, se for pensar assim, todos nos corremos riscos. O homem aprendeu como se defender dos meus espinhos e agora nos cortam pra fazer buquês. Mas nem por isso vou deixar de ser bela e perfumada, só vou durar um pouco menos.

A borboleta resolveu voar mais um pouco, cheirou umas flores e voltou na Rosa.

- Você é tão perfumada e macia, suas pétalas são sedosas. Gosto de pousar aqui.
- Obrigada! Fique a vontade, é um prazer pra mim. – agradeceu a Rosa e completou - Você tem muita sorte de ser borboleta!
- Ah é? – espantou-se o inseto – Porque?
- Concordo quando você diz que estou protegida pela minha roseira. Mas você não pensou em uma coisa: eu estou aqui enterrada, a menos que me arranquem, vou ficar aqui até murchar. Ao contrario de você, que pode voar. Conhecer outros lugares, sentir o sol lá de cima...
- É...é... é .. isso é verdade. – disse a borboleta pensativa.
- E tem mais uma coisa que acho que você não sabe. – completou a Rosa.
- O quê? O quê? O quê? – ficou ansiosa a Borboleta.
- Vocês, as borboletas e outros insetos voadores, que se alimentam de plantas acabam polinizando todos os locais que percorrem.
- Como é isso? O que é pó-li-ni-zar?
- Quando você sai pra se alimentar e pousa nas flores pra colher o pólen, ele também fica grudado no seu corpo. Não é?
- É sim! É sim! – confirmou a Borboleta entusiasmada.
- E enquanto você voa espalha esse pólen pelo jardim. Ele cai na terra, e onde cai nascem flores.
- Mas...mas... mas... mas então eu sou muito importante! Se eu não voar flores deixaram de nascer.
- Viu? Ser forte não é tudo. Você e outros insetos pequenos são frágeis e por isso tem essa função tão importante. Cada ser tem o seu papel no universo.
A borboleta ficou muito contente com a informação. Despediu-se da Rosa e saiu voando embelezando o céu, espalhando pólen pelo jardim e cantarolando.